No último dia de 2020 chegou até nós questões a respeito da recepção do público com a nossa capa. Quando trabalhamos nela, tentamos criar algo que dialogasse com o conteúdo da revista. Infelizmente, não conseguimos transmitir bem nossa intenção. Sentimos muito que o trabalho final tenha ofendido; as críticas são bem-vindas e pertinentes. Ouvimos o que vocês disseram e pedimos desculpas, jamais quisemos estereotipar ou ofender. Às vezes o que pensamos que representa bem, não passa a mensagem desejada e acaba não alcançando o seu público final da forma que foi imaginada. Foi o que acabou acontecendo. Ao revelarmos a capa, as críticas não foram comunicadas de imediato. Só ficamos sabendo após a repercussão de um outro caso que se sucedeu nestes dias.

Fomos colocados no meio dessa confusão e por isso é importante também dizer que não concordamos com o posicionamento da revista Fantástika 451 a respeito do apagamento da escritora cearense GG Diniz, em um lugar que é dela por direito como pioneira (e co-criadora) do Sertãopunk, erro este que segue sem retificação adequada. Não compactuamos com esse posicionamento, mas aqui só nos cabe o que está em nosso poder: nossa própria falha.

Na capa da edição 0 estão contidos elementos nordestinos como a cangaceira, a onça pintada e representações da fauna local. Ela é obra de Raphael Andrade, artista paulista, filho de nordestinos e negro. O conceito foi desenvolvido ao longo dos meses de produção da edição, tomando forma quando resolvemos, em conjunto, incorporar estes elementos para representar a revista para nosso público-alvo, leitores anglófonos internacionais. Na equipe contamos com duas nordestinas (Larissa Picchioni e Iana Araújo, pernambucanas) e entre os quatro selecionados para esta edição, metade são mulheres nordestinas: Isabor Quintiere, paraibana, e Laís Dias, sergipana. Com isso, queremos deixar claro que dentro de nossa equipe e de nossos escritores estamos sempre procurando agregar pluralidade regional, assim como é nosso Brasil e nosso Nordeste.

Mesmo assim, falhamos.

Somos um canal aberto para ouvir e estamos dispostos sempre a debater, com respeito e atenção, seja através das redes sociais que estamos presentes (Twitter e Instagram/ @eitamagsff), seja pelo nosso e-mail (eitamagsff@gmail.com). Apesar de sermos uma equipe pequena e o setor de comunicação ser dirigido por uma pessoa só, nós nos colocamos aqui dispostos a escutar sempre vocês, por onde vocês optarem falar conosco.

Dito isso, gostaríamos de fazer um convite: nos próximos dias iniciaremos o processo de elaboração de uma nova capa. Sim, vamos mudar a partir de agora, e queremos contar com o apoio de vocês para nos responder: o que deve representar o Brasil nessa capa? Queremos saber o que, para você, deveria representar nosso País, nossos autores nacionais e suas obras lá fora. A Eita!, assim como o Brasil, é feita de muitas vozes.

Obrigada por nos escutarem até aqui. Em 2021 continuaremos trabalhando com força para levar obras incríveis do Brasil para o mundo.

Atenciosamente e desejando um feliz ano novo,

A equipe da Eita! Magazine